A lontra Neotropical traz pesquisadores portugueses à região de Angatuba
A lontra Neotropical é um mamífero semiaquático com o estatuto de “Quase Ameaçada”, tanto no Estado de São Paulo como no Brasil.
A espécie ocorre nas bacias dos rios Paranapanema e Guareí, e como ainda pouco se sabia sobre a lontra nesta região, os biólogos portugueses Nuno M. Pedroso (CENA/Universidade de São Paulo e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) e Sofia V. Dias (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) viajaram de Portugal até Angatuba para estudar esta espécie. Os objetivos do seu estudo foram obter informações sobre a distribuição da lontra, avaliar o conhecimento e as atitudes das populações locais para com a espécie e identificar ameaças para lontra e os ambientes aquáticos na região. Esta pesquisa insere-se no projeto de Pós-Doutorado de Nuno M. Pedroso, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo nº 2014/08601). Esse projeto conta ainda com o apoio logístico do Instituto Florestal.
Entre outubro de 2015 e junho de 2017, foram realizadas campanhas de campo e entrevistas semiestruturadas a habitantes locais para recolha de informação sobre a lontra. Houve ainda coleta de material biológico de lontra e peixes para análise de eventual contaminação aquática.
As entrevistas e as campanhas de campo permitiram verificar que a lontra apresenta uma presença generalizada na região, pois existe uma boa rede hidrográfica, bastante alimento (peixe) e em muitos locais, uma boa cobertura de vegetação. No entanto, foram identificados fatores de ameaça para a espécie em vários locais da área de estudo, como destruição da mata ciliar para fins agrícolas, diminuição da qualidade da água por descarga de efluentes e resíduos domésticos, e a ocorrência na água de bactérias resistentes a antibióticos por uso de pesticidas agrícolas e contaminação por antibióticos administrados ao gado e para tratamento de doenças humanas.
Os entrevistados revelaram um bom conhecimento sobre a ecologia da lontra, mas desconheciam na sua maioria que esta é uma espécie protegida. Alguns deles ainda relatavam uma predação de peixe por parte da lontra superior à realidade. Atualmente, a coexistência entre as pessoas e a lontra é pacífica, pois a pesca na região não é profissional e a quantidade de peixe nos rios ainda é elevada. No entanto, os usuários de açudes apresentaram atitudes mais negativas em relação à lontra do que os restantes entrevistados, pois esses reservatórios podem ser usados para pesca.
Neste momento, e depois da pesquisa feita, foi conseguida uma bolsa da National Geographic Society para divulgar os resultados do trabalho realizado nas diversas escolas e comunidades da região. Este novo projeto, chamado “Projeto Neolontra”, decorre em agosto e setembro de 2017, com palestras realizadas em bairros, escolas e universidades dos municípios de Angatuba, Guareí e Campina do Monte Alegre. Nestas palestras é também distribuído material educativo (camisetas, pôsters e folhetos) com informação sobre a lontra Neotropical, os ambientes aquáticos e boas práticas ambientais. A Estação Ecológica de Angatuba/IF, através da sua responsável técnica Bárbara Prado, é parceira deste projeto, contribuindo com os aspectos metodológicos relacionados à educação ambiental, assim como, na divulgação ao público em geral dos valores naturais que inclui a Estação Ecológica de Angatuba.
Para saber mais informações sobre este projeto ou consultar as datas dos próximos eventos consulte a página do Facebook: https://www.facebook.com/ProjetoNeolontra. Caso tenha alguma dúvida ou queira dar informações sobre avistamentos de lontra, pode contatar pela página de Facebook ou pelo e-mail: projetoneolontra@gmail.com.
Fotos: Acervo Estação Ecológica de Angatuba
Mais informações: Bárbara H. S. Prado – Estação Ecológica de Angatuba – Tel.: (15) 3271-3866 barbarahsprado@gmail.com